sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ticket to a magical story

A história dos Beatles não tem fim. E não tem começo. Talvez por isso estou escrevendo sobre isso, cinquenta anos depois. Mas um cinquenta que não é depois, já que está embutido na própria estória, a que não tem fim. 
Os garotos tinham todos os ingredientes necessários para nunca dar certo. Chamados por alguém de "The Someone and the Somethings", já que não tinham um nome. Era a praxe da época, o nome "The X and the Y". Então John, timidamente arriscou um nome: Beatles. O dito cidadão ficou indignado: "e isso lá é um nome? Isso não significa nada. Não é nada!". Não é nada agradável ouvir isso de alguém a quem se pretendia pedir um autógrafo. E pediu. Talvez tenha sido esse o único autógrafo que ele pediu na vida. Por outros eram chamados de "The Five Guitars and the Nodrummer". Eram uma banda. Uma banda com cinco guitarristas e nenhum, nunca, um baterista. Menos mal que um deles acabou se perdendo pelo caminho. E sem contar também que o baixista não sabia coisa nenhuma de guitarra ou baixo ou qualquer coisa relacionada à música. Seu mágico dom: era amigo dileto de John. 
Com esse background, com esse belo portfólio restava passar tardes escrevendo cartas para agentes musicais, pedindo uma chance para serem colocados na lista de stars a se apresentarem nos shows de cinquenta atrações, tão comuns em Liverpool. No reply. Aliás, o relatado antes foi uma única vez em que um agente arriscou chamá-los para conhecê-los. O resultado foi o descrito, um fiasco total. 
Estímulo é tudo na vida. Depois das desastrosas andanças procurando uma oportunidade, chegar em casa, lar doce lar, e ouvir da tia Mimi: "muito bem, John! Tudo isso é muito bonito, muito lindo, mas jamais vai te dar dinheiro. Portanto, trate de arranjar um emprego!". Isso, dito pela pessoa que o sustenta não é também nada agradável.  
Outro recurso interessante era colar nos agentes ou em alguém que pudesse representar uma possibilidade de se apresentar em  público. E faziam isso com frequência. Mesmo que fosse, apenas para estar junto de alguém que pudesse representar uma chance. Houve alguém que estava reformando a garagem de casa para servir de bar e ponto de atração para os jovens, o que incluía música. Segundo o dono, seria um estrondoso sucesso, com apresentações de uma infinidade de bandas famosas, dinheiro e sucesso garantido! Só que, no momento, não há dinheiro para pagar para pintar e decorar a garagem. Vocês podem me ajudar? Sim, claro que podemos. E pintaram. E, como decoração, pintaram coisas, ideias que foram de pronto aceitas pelo grande futuro empresário.Era de graça. E no meio de toda aquela arte abstrata e comum, John desenhou um beetle. Ao final, perguntaram se eles também poderiam tocar. Ao que o empresário estranhou a pergunta: vocês têm uma banda? Sim, claro! Depois a gente vê isso. Obrigado pela ajuda, garotos! E então eles voltaram para casa, para ensaiar. 
Dando um grande salto na estória, os Beatles tornaram-se e eram conhecidos pelos músicos em geral, como a única banda que nunca ensaiava. Eles gravavam. Eternamente gravavam. Todos ensaiavam e ensaiavam, quando achavam que estava bom, iam para um estúdio gravar. Talvez a resposta esteja nisso: antes de tudo acontecer,  eles ensaiavam, ensaiavam e ensaiavam. E mais nada.
Afora todos esses componentes, havia uma coisa que agradava a todos. Aqueles garotos tinham um carisma inigualável! Se sempre havia um "não!" pronto a sua banda, era impossível se ver livre deles, não gostar deles. E eles sempre estavam por perto. Bastava que houvesse uma remota possibilidade de conseguir uma chance, lá estavam eles, na fila de músicos, esperando que alguma banda faltasse, algo inusitado ocorresse, para que pudessem se apresentar em público. Desde que providenciassem um baterista, claro!
 
13 02 2015 
  

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